terça-feira, 8 de setembro de 2009

Gil entre frases e canções


Por Anne Pinto,


Com sua malemolencia, Gilberto Passos Gil Moreira, abriu o show mais esperado da terceira edição do Projeto Música Falada, solando um acordeom – seu primeiro instrumento musical – o cantor fez uma homenagem ao rei do baião Luiz Gonzaga. “Andar com fé” foi a primeira canção entoada no palco do TCA. Distante dos espetáculos internacionais, da ponte aérea Rio-Europa, o show intimista desvendou e revelou fases do tropicalista mais globalizado da geração sessentista.





Polêmico e muito simpático, Gil contou momentos quando vivia em Itauçú, cidade onde nasceu no interior da Bahia; a descoberta da musicalidade; os estudos em Salvador e a vontade de se tornar músico. “Dizia para minha mãe que um dia ia ser pai de pai e musiqueiro”, revelou Gil às gargalhadas lembrando dos muitos filhos que gerou e da conquista de músico consolidada. Com seu violão eletroacústico, embalou sucessos como “Procissão”,“Felicidade vem depois”, “Aquele Abraço”, entre outros hits jamais esquecidos.



No palco do Música Falada, Gil lembrou do encantamento pelo Ijexá, ritmo que descobriu quando chegou a Salvador, na década de 60, onde relembrou grandes momentos do carnaval baiano seguindo o bloco Afoxé Filhos de Gandhi. A canção que dar nome ao bloco, foi composta por ele na década de 70, após chegar do exílio em Londres. Ritmada pelo agogô, a música ganhou força na voz dos integrantes do Gandhi na avenida e se transformou num hino do famoso tapete branco. Na platéia de 1500 pessoas, a saudação “ajaiô” para o Gandhi e o filho mais ilustre.




Temas como os festivais de música, tropicalismo, política, globalização, drogas e a famosa trilogia dos três ‘erres’, foram discutidos e esclarecidos pelo músico. Segundo Gil a idéia do tropicalismo era atualizar a agenda musical jovem do Brasil e trazer as novidades musicais que surgiram pelo país e pelo mundo, como a guitarra elétrica. Na seguência, estimulado pelo cinema contemporâneo surgiu a trilogia do ‘R’, com “Refazenda”, inspirado no sertão baiano, “Refavela”, na recuperação da dignidade de habitação que por várias fezes acabaram em favela e “Realce”, que é a época da meditação, da transformação e da reflexão.


Conduzido pelos diretores do projeto: Jonga Cunha, André Simões e Fernando Guerreiro, o show foi conduzido por surpresas e revelações, como a afirmação da liberação da maconha no Brasil. “Sou a favor sim da liberação da maconha. Acredito que os males da utilização da droga são bem menores que os índices da criminalidade”, disparou. Sobre internet e prioridade intelectual, Gil acredita que é um caminho sem volta “Com a chegada da informação e do conhecimento, a tendência é a música gratuita, eu não vejo que os controles sejam revestidos ao sistema anterior”, afirma o cantor.

No mesmo palco onde fez um show histórico, em julho de 69, Gilberto, como é chamado pela amiga Maria Bethânia, encerrou o show com revelação do seu futuro “são 50 anos de carreira e mais de 700 shows gravados, tudo isso para dizer que me dedico a reciclar meus repertórios sem muito alarde, com 67 anos a vida pesa”, finalizou com a canção em oração ao tempo, “Tempo Rei”, onde traduz um vago desejo de permanência, de transformação e de evolução. O show anda teve a participação dos músicos, Bem Gil, na guitarra; Alex Fonseca, na bateria; Arthur Maia, no baixo e Sérgio Chiavazzoli, no violão. O próximo artista a participar do projeto Música Falada 2009 é o roqueiro Marcelo Nova, no dia 06 de outubro.

Um comentário:

Unknown disse...

Favor colocar o crédito das fotos de Gilberto Gil para Felipe Oliveira. Obrigado. www.felipeoliveira.fot.br