terça-feira, 23 de outubro de 2007

A Beleza do Rio Vermelho


Bairro dito boêmio e alternativo, pacato, cheio de bares, hotéis, pescadores e com muita história pra contar, faz o dia –a – dia dos moradores e turistas.

Por Anne Pinto.

O dia começa com a reunião dos pescadores na Casa de Iemanjá, a brisa do mar é a inspiração para começar o dia de pesca. Em seguida, caminha – se para a prática do banho salgado, atrativo irresistível desta praia em épocas antigas. É lá que acontece todo ano a tradicional festa de Iemanjá, no dia 02 de fevereiro, filhas e mães de santo, pescadores, turistas e curiosos homenageiam a rainha do mar (manifestação religiosa pública do Candomblé).


Depois, vêm os passeios nos diversos largos espalhados pelo bairro como, o Largo da Mariquita, localizado as margens do rio Lucaia, que também serve como ponto de pescadores e o Mercado do Peixe, espaço freqüentado antes, durante e depois da balada com funcionamento 24 horas ao dia, para desfrute de deliciosas comidas que vai do peixe frito ao famoso escondidinho. A tarde cai e chega a hora de visitar o Largo de Santana, onde se costuma dizer que existe o melhor acarajé da Bahia, o acarajé da Dinha.

A noite chega e requer uma cerveja no Boteco do França aguardando o horário do espetáculo começar no Teatro SESI, espetáculos leves, comédias românticas alegres noites de temporadas. O jantar fica por conta da Companhia da Pizza, estendendo a noite para o Twist ou se preferir, um local mais ligth como o Frankfurt bar tranqüilo, diversificado, onde mistura MPB com uma pitada de humor. Completando o passeio, a volta para casa segue pela beleza da orla, sentindo a energia dos baianos que vivem bem no paraíso que é seu litoral.


O porto de barcos de pesca que ilumina largos, barracas e belas construções do século XVII é a região que abrange grandes atrativos de infinitas variações. A quantidade de restaurantes e bares, onde são oferecidos vários tipos de comida, de baiana a japonesa que faz dessa mistura à diferença do amplo cardápio no percurso do bairro.


O passeio agradável segue em direção a Barra, caminhando pela orla, sentindo o conforto da areia nos pés, de olho nas ondas que se debruçam na beira da praia. Cerca de 50 bares convidam para saborear seus drinques, as esticadas nas boates podem ser substituídas por um amanhecer no Crepe da Cidade ao som da nova MPB que administra a serenidade do Rio Vermelho.


Os nativos, ditos como um dos atrativos da praia, se orgulham do bairro, tanto pelo veraneio, onde atraí grande quantidade de turistas, como pelas belas construções e pelo tamanho e qualidade de peixes. Dividido por várias praias, para eles o mar é a grande folia, é nele que conseguem o alimento para suas famílias. É comum encontra – los, pela manhã bem cedo ou no final da tarde, retomando com os frutos de mais um dia de trabalho.


Bairro de alma boemia, onde a ordem é mantida, caminhar pelo Rio Vermelho sempre é atraente. Logo pela manhã, encontra – se moradores fazendo sua caminhada pelas praias, indo à igreja ou a padaria, se organizando para começar o dia de trabalho. No decorrer da tarde, percorrem comerciantes, empresários, estudantes e observa – se o ponto de ônibus lotado a espera do seu destino, moradores de outros bairros se misturam à natureza local. Ao cair da tarde a concentração é nas barracas de acarajé espalhadas no bairro. A tranqüilidade retorna na calada da noite, quando ouve – se o barulho das ondas batendo nas pedras fixadas nas praias de Santana, Mariquita e praia da Paciência.


Endereço de personalidades como Jorge Amado e Zélia Gattai, Gal Costa, Juca Chaves, Caetano Veloso, entre outros, o Rio Vermelho agrupa também luxuosos hotéis no meio de belos casarões antigos. Um dos atrativos é a casa do escritor Jorge Amado, local onde estão guardadas as suas cinzas. A moldura do bairro é o que fascina a arquitetura preservada dos casarões, teatro, academia, boate, bares, restaurantes e algumas residências que ainda permanecem com a mesma estrutura, caracterizando o bairro pacato e de localização perfeita. Seria diferente imaginar o Teatro SESI sem a sua estrutura, teatro pequeno, aconchegante, a beira do mar, moldura de dramas, comédias e musicais por temporadas oferecidas para a sociedade.


Como todo bairro em Salvador, o Rio Vermelho abriga umas das 365 igrejas da Bahia. A centenária Igreja de Santana, localizada no Largo de Santana, perto da Casa de Iemanjá e ao lado dos tabuleiros das famosas Baianas de Acarajé. É um programa perfeito para o final da tarde, ir à missa, apreciar a paisagem da Praia de Santana, atravessar a rua e degustar as famosas iguarias da culinária baianas.


São muitas as atrações: Las Margaridas, restaurante mexicano, exótico pelo seu tempero, arquitetura e decoração. O Suco 24 horas, interessante pelo nome e pela mistura de cores. As lojas de bolsas, sempre em promoção atraindo seus fregueses. Boteco da Bossa, bar característico, com som ambiente em ritmo de bossa nova, lá se ouve de Tom Jobim a Elis Regina. Nhô Caldos, local onde promove encontro de tribos: alternativas, rock, rip entre outras, mistura de som pesado com a leveza do reggae. Colégio e Faculdade São Tomaz de Aquino, colégio de tradição do bairro. Esse colorido painel, que inclui restaurantes, bares, escola, biblioteca, lojas, lanchonetes, bancos, igrejas, bingos entre outros estabelecimentos, completa o ciclo de entretenimento comercial e lazer do Rio Vermelho.


Como diz o ditado “baiano quando não está em festa está ensaiando” o Rio Vermelho é o bairro onde se inicia a carreira de muitos artistas. Disponibilizando seus bares que garantem o alto astral junto aos amigos, curiosos e freqüentadores assíduos, em conjunto com o clima oferecido nas noites. A mistura de ritmos que vai do rock a bossa nova apresenta a diversidade cultural, atrativo de tribos que se espalham nos bares a procura da batida perfeita. “O Rio Vermelho nos proporciona a cultura, através das artes apresentadas no bairro” diz Dona Célia, moradora a vinte e cinco anos.


O orgulho, o prazer e a arte de viver no Rio Vermelho, inspiram moradores adeptos da beleza natural que fascina turistas e baianos. Mosaico de belas praias, exposição do dia – a – dia dos pescadores, tradição nas lavagens, espetáculo de religiosidade e beleza em homenagem a Rainha do Mar. Essa é a receita que faz do Rio Vermelho um bairro, sereno, boêmio e aconchegante, que acolhe nos dias frio e noites de fortes brisas a energia, o calor e a harmonia dos moradores e freqüentadores. Como diz o Senhor Francisco, morador antigo do bairro “Não moro em Salvador, moro no Rio Vermelho. Me orgulho de poder ver o crescimento do bairro em que fui criado, o desenvolvimento, a mudança das nossas paisagens nos emociona”.


É com esse orgulho que o bairro cresce, preservando as suas estruturas, características e tradição e servindo de orgulho para seus moradores que encontram inspiração na sua beleza.


Nenhum comentário: