quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Entrevista

Giacomo Mancini conta suas experiências como Jornalista


Por Anne Pinto
Jornalista da Tv Bahia, Giácomo Mancini um gaúcho que foi recebido pela Bahia de braços abertos, comenta sobre algumas curiosidades dos telespectadores e dar dicas aos jornalistas iniciantes. Um papo descontraído e inteligente, Giácomo conta as suas experiências e pontua a importância da informação.
Anne Pinto. No caminho que a notícia percorre desde o momento em que acontece até o momento em que aparece nos jornais, passando pelos inúmeros canais indiretos e de interesse onde influenciam na decisão final em seu processo de produção. Qual o processo para que ela chegue em primeira mão aos telespectadores?
Giácomo Mancini. O processo mais importante é o da decisão rápida. Uma pauta elaborada e pensada na redação pelo corpo de jornalistas, tem que ser produzida e executada em menor tempo possível. Do contrário, é inevitável, a pauta vaza e deixa de ser dada em primeira mão. Vai ficar aquele sentimento de frustração. E isso ocorre com freqüência.A principal preocupação, do que vocês chamam de canais indiretos ou de influência, é sempre saber a quem a notícia vai beneficiar. O interesse coletivo é de as matérias veiculadas ajudem o telespectador com serviço, informação, serviço público. A decisão final, claro, ao editor-chefe.O processo passa por criação e produção da pauta, execução pelo repórter e equipe, edição pelo redator ou editor de texto junto com o editor de imagem e a exibição da matéria no ar. O processo depende de uma estrutura de redação compatível com um telejornal de qualidade.
AP.Qual a diferença entre um jornal impresso e um jornal de TV?
GM. Fundamentalmente a TV precisa de imagem. Contar uma história (reportagem) na TV impõe aos profissionais pensarem na imagem junto com a pauta. Uma está implicitamente ligada a outra. Sem as duas, não funciona. Texto e imagem nunca podem estar desassociados. No jornal, um bom repórter pode contar uma história com até 100/150 linhas tendo apenas uma foto para ilustrar tudo. E às vezes, nem precisa de foto. Basta o fato.Além disso, na TV, o sistema de produção e publicação, é muito mais veloz. As matérias, via de regra, vão ao ar no mesmo dia. No jornal, vai ao dia seguinte. E como a notícia normalmente já deu na TV, tem que ser aprofundada, mais explicada, de maneira que continue atraindo o leitor, porque, afinal, é notícia do dia anterior.
AP. Como funciona a rotina da redação, o que muda na rotina de um jornal impresso e um jornal de TV?
GM. É quase a resposta anterior. No jornal, normalmente, os repórteres e editores tem mais tempo para fazer a reportagem e finalizar o texto. Na TV, como o processo é mais rápido, os repórteres e editores tem que ser mais ágeis, refletir, mas rápido, pensar sempre no que chamamos de dead-line ,que é tempo-limite para que a matéria chegue a redação ou que esteja pronta para ser exibida no telejornal.
AP. Que características e habilidades um jornalista de TV deve ter para atuar?
GM. Presença de vídeo, boa narração, voz clara, Ter em mente que o que faz pode influenciar milhares de pessoas. Além disso, jornalisticamente, não diferencia em nada de um jornalista de jornal impresso. Boas fontes, responsabilidade, ética, respeito às pessoas.
AP. Em primeiro lugar devemos obedecer à ética da empresa para poder executar os serviços impostos por ela. Com relação a ética empresarial, que cuidados e conceitos um jornalista deve seguir perante a empresa?
GM. A pergunta é complexa e a reposta seria muito longa. Daria um debate de pelo menos três horas. A ética nunca pode ser vista pelo jornalista como um conceito empresarial. Ética é um conceito individual. As empresas têm uma linha de comportamento baseada na ética dos dirigentes. Quando a gente é empregado, normalmente conhece os princípios da empresa. Enquanto os seus princípios éticos estiverem preservados, não há problema. Quando os valores éticos do jornalista forem feridos, o que resta é pegar o boné e se mandar. Em tese, é simples. Na realidade, com mercado de trabalho fechado e pequeno, muitos se adaptam a nova realidade e continuam trabalhando. Acho que aqui não cabe discussão. Cada um é dono do seu livre-arbítrio.
AP.Você já teve alguma experiência em outro tipo de meio de comunicação (rádio, impresso, internet, assessoria, TV fechada)?
GM. Já trabalhei em rádio e em jornal paralelamente a TV. Gostei muito da experiência nas Rádios Tupancy, em Pelotas e Rádio Gaúcha, em Porto Alegre. Nelas fiz esporte e fui setorista de economia. Gostei ainda mais do tempo em que trabalhei no Jornal Zero Hora, de Porto Alegre. Mas minha preferência mesmo é TV.
AP. Que dica você daria a um jornalista iniciante para atuar na TV?
GM. Dicas que valem para todos os que querem seguir carreira de jornalista, independente do veículo: ser bem informados. Éticos. Ser bem informados. Respeitosos com o leitor ou telespectador. Ser bem informados. Ler muito. Ser bem informados. A ênfase é porque muita gente não lê jornal, não vê TV, não navega na Internet. Informação interesse em ser um bom profissional, correr atrás, ser aluno aplicado. O que vai fazer a diferença na disputa por um bom emprego, é também o que vai garantir um espaço ao novo profissional.
Fotografia: Cedida pelo Jornalista Giácomo Mancini.11.05.2005.

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