quinta-feira, 30 de agosto de 2007

O outro lado do Pelô

Os moradores não perdem a esperança e confiam no seu direito de continuar a residir no bairro onde construíram suas vidas e histórias.


Por Anne Pinto
O Pelourinho, um dos principais símbolos da Bahia, continua passando por reformas, buscando resgatar o seu importante valor histórico. O projeto, iniciado em 1993, no entanto, ainda cria polêmica, diante da desapropriação dos moradores. O embate entre o Governo do Estado e a comunidade tem gerado violência e desemprego, com a retirada de membros desta para bairros distantes como Sussuarana, Paripe, Cajazeiras, Coutos, Valéria.
Em virtude da importância social e dos laços afetivos construídos durante anos de moradia e convivência, o deslocamento para outros locais tem causado revolta e luta da Associação de Moradores do bairro, que estabelece um diálogo entre os moradores e o Ministério Público, onde acontecem reuniões todas as segundas – feiras, para debater e decidir questões referentes à reforma, o andamento das obras e onde e quando ocorrerá a liberação das casas para os moradores.
A reforma se encontra na sétima etapa - num total de dez - e a comunidade continua sem previsão do término das obras. Segundo Mêre, moradora do bairro há 36 anos, os moradores alegam que só sairão de suas casas se forem transferidos para outros locais no próprio Centro Histórico, informando ainda que existem casarões em ruas como, por exemplo, a 28 de setembro, que podem ser reformados para alojá-los.
A falta de segurança ainda é grande no Centro Histórico de Salvador e moradores reclamam da violência nas ruas do Pelourinho, onde pessoas de outros bairros se aproveitam do turismo para praticar atos de vandalismo.
O Pelourinho, importante Patrimônio Histórico de Salvador, um bairro de histórias ainda guardadas, há muito tempo vem sendo alvo de discussões e conflitos. Desde o inicio no século XVII já havia manifestações dos proprietários rurais na conquista da arquitetura de suas residências, construção dos sobrados e das ordens religiosas, tomando aumento às antigas residências que se alastrou pelo Centro Histórico. Hoje em cerca de 800 casarões recuperados e localizados no coração de Salvador, ainda são visíveis a satisfação de ter seu lugar reformado e a tristeza de terem que sair do bairro, por isso a luta dos moradores continua pela permanência no Pelourinho.
20.08.2005

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